domingo, 28 de março de 2010

Dançaremos ao som do raiar do dia e romper da noite… (II)

Camisa de noite cinzenta de cetim, que me roça no peito dos pés enquanto caminho sobre a areia húmida da névoa da noite fria… caminho eu, enroscada numa manta de lã pólo macia… tão macia, mas preta como o céu nesta noite…
Não sei onde devo parar nem sequer se isto fará sentido esta noite, se levaremos tudo a perder ou se o mundo apenas começará agora a ser descoberto para e por nós.
Tremo e não sei se por nervos ou por frio… será que valerá a pena? Será que te aproximarás e que te sentirei assim... (?) assim tão perto, o teu toque…
Eu – Estarei eu a… ou… tu… (?) – sinto o calor da tua respiração junto a mim.
Ele – Sim, eu estou aqui…
- Mesmo?
- Sim… duvidas?
- Não.
- Então porque não te viras?
- E se me virar e deixar de te sentir?
- Confia em mim…
- Tenho medo…
- De quê?
- De te perder. E se isto não der certo? E se te fores? E se não… - Envolves os teus braços à volta do meu corpo, fecho e aperto os olhos.
- Abre os olhos…
- Não!
- Abre… - sorris – Confia em mim, como sempre o fizeste… - entrelaças os teus dedos nos meus.
- Não me largas?
- Nop.
- Prometes?
- Sim.
Devagarinho abro os olhos e… não é uma miragem… eu sinto-te, sinto os teus dedos entrelaçados nos meus, a tua mão! Sim… a tua mão, os teus dedos compridos…
- Tens uma mão tão grande e macia… - lanço um sorriso.
- É para te segurar pela mão quando tiveres medo e te acariciar o corpo nas nossas longas noites…
- Como agora?
- Sim. Mas ainda falta algo…
- O quê? – Sinto agora a tua mão a guiar o meu rosto na direcção do teu…
- Isto. – Encostas os teus lábios aos meus… como são quentes os teus lábios…suavemente beijam o meu lábio inferior tal como com a mesma suavidade se descolam. Viro-me para ti num todo.
Agora, os nossos corpos encontram-se juntos, a sentirem-se…conseguimos ouvir o palpitar dos nossos corações quase que em uníssono…os teus braços por dentro da manta envolvem o meu corpo e aproximam-me mais do teu… uma das tuas mãos sobe-me as costas, desliza sobre a minha camisa de cetim, contorna-me a silhueta e pára junto à minha anca… os teus lábios que outrora beijavam os meus, agora contornam os traços do meu rosto… começas a desliza-los sobre o meu pescoço, passo os meus dedos por entre o teu cabelo atrás e com jeito puxo-os… sinto a pele do meu corpo a arrepiar-se, vinco as minhas unhas nas tuas costas e puxo-te mais para mim.
Olhamo-nos, olhos nos olhos… encostas o teu rosto junto ao meu, assim… assim tranquilamente como quem acaricia algo tão singelo… encostamos tanto como descolamos os nossos lábios um do outro, como quem quer e deseja sentir mas teme por tal. Como quem hesita por tal momento mas mesmo assim deseja-o.
Baixo o rosto… penso que talvez ainda não seja e… e sinto a manta deslizar-me um pouco pelo ombro fora… agora a alça da camisa e… sustento a respiração… respiro fundo enquanto sinto o calor dos teus lábios sobre o meu ombro… a tua língua húmida a percorrer-me a pele como se de um único caminho se tratasse até aos meus lábios… e, desta vez, não hesitamos, mas sim deixamo-nos levar.
Agora, quem dança ao som do raiar do dia e romper da noite são as nossas línguas, juntas, húmidas, quentes… quentes sentem o fervor do desejo, da culminação das nossas almas, dos nossos corpos a completarem-se, a sentirem-se.
Abraço-te.
Abraças-me.
Abraçamo-nos, enquanto a lua, ainda no alto céu, nos deleita as formas do corpo e os primeiros raios do sol nos aquecem a alma…

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Zinom