quinta-feira, 28 de julho de 2011

Vavó


Tinhas o sorriso mais lindo que alguma vez vi em alguém, mesmo doente sorrias com um brilho nesses teus olhos perfeitos.

Perdeste um filho na semana passada e oito dias depois partiste também.

Quando deste entrada no hospital senti um aperto no peito, pensei que não te fosses desta vez, não desta vez, ainda não. Há três anos atrás entraste no mesmo hospital muito pior que na segunda-feira passada, saíste de lá, mas desta vez a tua saída foi diferente.

Ontem quando recebi o telefonema e não conseguia ouvir por causa da rede, levantei-me e corri pelo corredor até à garagem, sentia-me arrepiada, tremia.

O tempo não voltara atrás para te ver a sorrir mais uma vez, simplesmente às 9:30 da manhã partiste.

Na segunda-feira à noite quando te vi no hospital tremias tanto, pedi-te a bênção e dei-te um beijinho, mas voltei atrás, segurei-te na mão enquanto te acariciava o rosto e orei a Deus, aos poucos o teu tremer ia diminuindo, quando te dei um beijo na testa e fui para te largar a mão, seguraste-te tão firme na mão como nunca havias segurado antes. Inclinei-me perante ti, ainda com a tua mão a segurar firmemente a minha e sussurrei-te: "vó, Deus não abandona ninguém, acredita", dei-te um beijinho na testa e tu acariciaste-me a minha mão com tua pele quente e suave.

Ontem quando íamos em direcção ao hospital para te acompanharmos para a ermida, quando vimos a berlinda passar, God, que aperto vavó, vontade de chorar, mas aguentei-me. Na ermida, quando foi para levar o teu caixão para dentro, segurei na argola do lado e ajudei, nunca tinha ajudado a levar um caixão, mas mantive-me firme.

Quando abriram o caixão e foram endireitar-te, quando sem querer o teu corpo mexeu-se com o movimento deles, tua mão mexeu-se em direcção à tua boca, vontade de gritar e de te tirar dali senti, mas contive-me, tentei fazer-me entender que só te tinhas mexido porque eles estavam a endireitar-te.

Parecia que dormias. Estavas tão linda, tu és e serás sempre linda :)

Passei a noite a olhar para o relógio, hoje continuei a olhar para o relógio pouco a pouco não desejando que chegasse a hora da despedida. Quando o padre chegou já ninguém tinha forças mas todos tínhamos noção que a hora chegara.

Quando começaram a fechar o teu caixão... nem sei descrever o que sentíamos todos.

Já não mais ver-te, sentir-te, tocar-te, pedir-te a bênção nem ver esse teu sorriso e o teu perfeito olhar, que aperto, dói.

Não me conseguia conter mais...

No cemitério, detesto olhar para aquela cova de terra fria onde tudo é vazio, onde sabemos que não voltaremos a olhar da mesma forma... olhei e ficamos todos ali enquanto faziam descer o teu caixão.

Choros, gritos, prantos, lágrimas, flores, o som da terra a cair sobre a madeira, o cheiro forte da terra pelo ar, a noção de não te ter mais por perto... uma forte dor no coração, a eterna saudade mas sobre tudo a esperança de um dia voltar a ver-te mais bela, mas perfeita do que alguma vez foste.

Jamais voltarei a sentir o cheiro da terra sem me lembrar deste dia, mas quando este sentir, lembrar-me-ei sempre do teu doce sorriso, do teu olhar e do calor da tua mão naquela noite*

Descansa em Paz minha vavó,

Amo-te Linda*

sábado, 2 de julho de 2011

Simplesmente...

...Abraça-me e deixa-me chorar...





Não me perguntes o porquê, apenas deixa-me assim, quieta.
Quieta, simplesmente, eu própria.
Eu sei que tudo tem uma razão para assim o ser, mas não, hoje não.
Hoje dói, cá dentro minh'alma grita, esbeniga-se, fala e fala e berra e puff... é ela própria, sem máscaras, sem nada, vazia, lotada de nada.

Onde estás tu?
Porque não vens e abraças-me?
Porque me deixaste só, tão só comigo mesma? Ou será que esta razão nunca existiu e eu permaneci este tempo todo assim, assim vazia? Lotada de um nada que outrora foi um tudo?
Por quem me tomas?! Porque não te chegas e abraças-me?

Sinto-me cansada...
Cansada de mim própria, do tudo que é nada e do nada que é tudo.


Vem, abraça-me, deixa-me chorar e não perguntes o porquê.
Simplesmente, hoje não há razão, apenas... apenas algo, o qual não sei definir, simplesmente dói e as lágrimas caiem...

E sou apenas eu própria comigo mesma.

sábado, 19 de março de 2011

Simplesmente não...

Simplesmente não consigo parar de chorar...

domingo, 13 de março de 2011

Quero-me de volta.

Sempre me incomodou o anoitecer, apesar de a hora do crepúsculo ser a que mais gosto, por outrora o anoitecer assusta-me…

Quando a noite parece longa, quando todos já dormem e permaneço aqui sentada o sofá sozinha com os olhos rasos.

Só faço asneiras, fervo em pouca água, a verdade é esta: fervo em pouca água.

Os olhos ficam-me rasos e faço com que as lágrimas não caiem, mas isto só faz com que cresça uma pressão na minha cabeça.

Quem me dera pagar uma parte da minha vida.

Não! Espera, eu sempre fui a miúda que sempre disse que prefere não apagar o que se passou porque foi tudo o que se passou que me fez crescer again.

Magoo as pessoas que mais amo.

Talvez muitas delas tenham razão e a culpa seja minha pelas coisas más que falam que não vou mencionar.

No fundo não me conheço, no fundo ninguém se conhece.

Zé… a personagem que criei na minha vida com a qual desabafava, a qual sentia sem sequer sentir, com a qual chorava e falava sem sequer ser ouvida.

Sinto a falta disto…

Sinto a falta da praia, de ir para a praia todos os dias, de caminhar e caminhar, de sentir os pés a ficarem gelados enquanto caminhava descalça à beira-mar, saudades de correr à beira-mar debaixo de chuva sem ter medo de ficar constipada…

God!

Quem sou eu?!

Quero-me de volta.

Zé – Depende de ti.

Eu – Eu sei, mas custa… custa tanto… ainda dói tanto cá dentro tanta coisa.

- Depende de ti, sabes bem disto.

- …

- Depende de ti lutar contra o que sentes e dizer que já passou, perdoar faz parte da vida, perdoar também faz parte do crescer.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

25/04/10


25/04/10
sai de casa e fui andar para a praia... o sol brilhava lá no alto apesar de ja quase 19horas baterem e apenas tres casais pairavam na praia, um deles deitados na areia a olhar o ceu, outro enroscadinhos sentados e por fim um ultimo a caminhar à beira-mar...
continuei de sapatilhas, shorts e t-shirt... mp3 a tocar e a caminhada à beira-mar ja ia longa quando alguem passou-me ao lado de replao a correr, fez-me lembrar a tua pessoa. porquê? nao sei, apenas fez-me lembrar, o que me despertou a vontade de correr atrás e abraçá-lo do nada, porque fazia-me sentir que eras tu... continuei a caminhada e esse alguem continuou a correr, quando, mais tarde, ergui a cabeça para sentir aqueles ultimos raios de sol a acariciarem-me o rosto, olhei-o de frente, ao qual ele sorriu-me, senti-me parva pela minha subita vontade estupida de querer sentir aqueles raios do sol naquele momento, baixei o rosto e de olhos postos na maré continuei a caminhada...
foste correr à beira-mar ontem e depois deste um mergulho antes de ires embora?
a*


ps: sei que nao eras tu, mas mesmo assim fica aqui um abraço daqueles que sao aconchego d'alma*





--------------

Saudades da praia :/